Recordámos, ao longo desta manhã, que brincar não é perder tempo. É ganhar mundo, abrir o mundo interior e ampliar o mundo exterior. Facilitar a exploração é confiar na curiosidade das crianças, é dar-lhes espaço e tempo para que sejam protagonistas do seu próprio crescimento.
Explorámos também o poder dos livros, que ajudam a nomear sentimentos e a olhar o mundo com outros olhos. As histórias são janelas que desvendam novos mundos e possibilidades de ser, são espelhos que refletem quem somos, as experiências mais íntimas, a vida interior construída na matriz interpessoal e social.
Descobrimos como os museus podem ser locais de brincar, como as cidades podem ser amigas da infância, como os recreios escolares e públicos podem ser (re)imaginados, transformados, naturalizados. E inspirámo-nos no exemplo onde a floresta é sala de aula e onde a natureza desperta criatividade, resiliência e cuidado pelo planeta.
Entre brincadeiras e leituras, vimos como a criança constrói mundos e descobre sentidos e significados novos para as suas experiências. Brincar é explorar, arriscar, criar, ler é abrir janelas.
Ambos – brincar e ler – são direitos fundamentais que nutrem o desenvolvimento das crianças, alimentam a curiosidade, a criatividade e o bem-estar, e fortalecem as suas relações com o mundo.
Sendo direitos fundamentais de todas as crianças, cabe a todos nós, famílias, escolas, comunidades, garantir que esses direitos sejam vividos em plenitude. E quando garantimos que as crianças podem viver plenamente estas experiências, estamos a construir comunidades mais coesas, sociedades mais criativas e um mundo mais justo.
Por isso, este Encontro não se fecha aqui. Ele convida-nos a continuar – nas nossas escolas, nas nossas famílias, nos nossos museus, nas nossas cidades e florestas – a criar condições para que cada criança possa crescer com dignidade e alegria e que os seus direitos sejam protegidos e promovidos.
Desejo que cada um de nós leve consigo não apenas as ideias e as reflexões, mas também o compromisso de transformar o quotidiano em oportunidades para brincar e para abrir o mundo dos livros às crianças.
Encerramos, então, este Encontro com uma convicção: entre brincadeiras e leituras (re)aprendemos o poder transformador da infância.
Muito obrigada e até breve.
Isabel Soares
Professora Catedrática da Escola de Psicologia (EPsi) da Universidade do Minho, psicóloga, especialidade Psicologia Clínica e da Saúde e Psicoterapia e membro do Conselho Nacional de Psicólogos da OPP.
















