As crianças são encorajadas a explorar, a experimentar e a correr riscos de forma segura, fortalecendo a coragem, a autoconfiança e a capacidade de resolver problemas. Aprendem através da curiosidade e da experiência direta, desenvolvendo resiliência, pensamento estratégico, empatia e um profundo respeito pelo mundo natural.
Os benefícios desta abordagem são visíveis e duradouros: melhora da motricidade global e fina, aumento da concentração, da criatividade e da autoestima, bem como uma sensação genuína de bem-estar e paz ao estar na natureza.
O papel do facilitador é central: mais do que ensinar, observa, escuta e cria condições seguras para que cada criança descubra o seu próprio caminho. Encoraja a tomada de riscos controlados — subir a uma árvore, usar ferramentas, explorar terrenos irregulares — experiências fundamentais para desenvolver autoconfiança, resiliência e capacidade de autorregulação (Maynard & Waters, 2007).
Em Portugal, as Forest Schools ainda não são reconhecidas pelo Ministério da Educação, o que significa ausência de enquadramento legal e de apoios institucionais. Apesar disso, projetos como a Associação Ser na Floresta, em Afife (Viana do Castelo), demonstram o impacto transformador desta abordagem.
A Ser na Floresta oferece programas para crianças dos 0 aos 12 anos num ambiente multicultural, onde se fala português e inglês. Cada criança é vista como única, e as atividades são adaptadas aos seus interesses e necessidades. O currículo integra o ser humano como um todo — corpo, mente, emoções e valores. Ética, empatia, respeito e consciência ecológica são dimensões essenciais do nosso trabalho educativo.
A nossa experiência mostra transformações reais: crianças mais autónomas, criativas e empáticas; maior autorregulação e bem-estar emocional; e, em particular, progressos significativos em crianças com diagnósticos de PEA e PHDA, que encontram na natureza um espaço seguro e regulador para o seu desenvolvimento global.
A Ser na Floresta quer continuar a crescer — com parcerias, formações e novos espaços — para que mais crianças possam aprender a ser, a sentir e a pertencer, na e com a natureza.
Referências bibliográficas
•Knight, S. (2013). Forest School and Outdoor Learning in the Early Years (2ª ed.). SAGE Publications.
•Leather, M. (2018). A Critique of Forest School: Something Lost in Translation. Journal of Outdoor and Environmental Education, 21(1), 5–18.
•Maynard, T., & Waters, J. (2007). Learning in the Outdoor Environment: A Missed Opportunity? Early Years, 27(3), 255–265.
•O’Brien, L., & Murray, R. (2008). Forest School and its Impact on Young Children: Case Studies in Britain. Urban Forestry & Urban Greening, 7(4), 249–265.
Marlene Costa
Ser na Floresta – Forest School em Afife – Viana do Castelo












